terça-feira, 26 de julho de 2011

A nova realidade norte-americana

Depois da catastrófica atuação de George W. Bush, ex-Presidente dos Estados Unidos, que culminou nas invasões militares do Afeganistão e do Iraque e, levou o país a um enorme beco sem saída pois, a derrota do projeto de Bush frente à luta do movimento de massas e os riscos de explosões sociais que a atual crise econômica implicam obrigam os Estados Unidos a buscarem uma nova estratégia de intervenção imperialista no mundo.
Para entender melhor a problemática atual norte-americana, faz-se necessário voltar um pouco aos objetivos do projeto defendido por Bush. O PNAC (Projeto Para um Novo Século Americano), tinha como principal objetivo manter a liderança, os interesses e os valores americanos no mundo, no próximo século XXI, um projeto muito ambicioso e de alcances estratégicos para consolidar e ampliar por um século a hegemonia econômica -política-militar dos EUA no mundo.
Para isso, era necessário intervir militarmente em qualquer lugar do mundo onde os interesses e os "valores" dos EUA fossem questionados ou onde houvesse um "regime hostil" que ousasse desafiar essa hegemonia.
A GUERRA CONTRA O TERROR E A LUTA CONTRA O EIXO DO MAL
Embora o projeto não tenha surgido a partir dos ataques de 11 de setembro, estes criaram as condições para que o mesmo fosse efetivado uma vez que foi apresentada para a população americana como uma política de "defesa" de um país que estava sendo agredido. Nesse sentido, o projeto contou com grande apoio popular levando a que 75% da população do país apoiasse a invasão do Afeganistão. A partir daí ficou fácil desenvolver conceitos como o da "guerra contra o terror" e o "eixo do mal".
O governo norte-americano afirmou que o eixo do mal era composto por Iraque, Irá e Coréia do Norte.
Com a invasão do Afeganistão e do Iraque, os Estados Unidos não conseguiu nenhum dos objetivos políticos, militares e econômicos estabelecidos, por isso, começa a retirar-se claramente derrotado.
Nesse caso, a política de Obama, atual presidente dos Estados Unidos, diferente da de seu antecessor, é a do consenso, isto é, uma ampliação da ação diplomática e dos âmbitos de tomada de decisões para "convencer" e conseguir o "consenso" para as políticas a serviço do imperialismo americano que, nestes momentos, simplesmente não podem se impor pela força.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

POPULAÇÃO CHINESA

A questão demográfica na China é complexa por fatores que vão muito além de tratar-se do país com a maior população do planeta. Distribuição desigual, políticas de controle da natalidade, mosaico étnico, nacionalismos separatistas e a questão do gênero feminino são outros condimentos que temperam a complexidade do país que realiza o maior censo demográfico da história em 2010, com a participação de seis milhões de agentes recenseadores.
A população chinesa é distribuída de forma bastante desigual pelo território e tal distribuição é profundamente influenciada pela geografia física do país. As regiões autônomas do Tibete, de Xinjiang e da Mongólia Interior apresentam baixas densidades demográficas.
No caso tibetano, por tratar-se de uma grande área cujas altitudes raramente são menores do que 4 mil metros, pelo clima frio e pelos solos rasos e pedregosos, há grande dificuldade para a fixação humana.
Xinjiang e Mongólia Interior apresentam desertos em suas paisagens. O de Taklamakan e o de Gobi, respectivamente. Ambos são marcados por forte continentalidade, ou seja, grande distanciamento em relação ao oceano.
Já as regiões da China Meridional das Colinas e a Manchúria apresentam densidades demográficas muito elevadas por possuirem litoral, por serem marcadas por regimes de chuva favoráveis à implantação tradicional da agricultura, e, por fim, por abarcarem a imensa maioria das Zonas Econômicas Especiais (ZEE’s) criadas no processo de modernização e abertura do país ao capitalismo.
Sobre a China Meridional das Colinas é importante frisar que a região concentra a maior parcela da população chinesa, especialmente nos vales e planícies aluvionais ao longo dos rios Yang-Tsé e Hoang-Ho, ou seja, as principais zonas rurais do país, marcadas pela grande produção de arroz feita através do milenar sistema de jardinagem, intensivo no uso de mão-de-obra.
A população chinesa é a maior do planeta, com mais de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, acompanhada de perto apenas pela da Índia, com pouco mais de 1 bilhão de pessoas. O governo de Mao Tsé-tung estimulava a natalidade como forma de aumentar a população do país e seu percentual em relação à humanidade. Mas com uma população assim, tão grande, dificuldades evidentes se apresentaram ao país como o desemprego e a fome.
Desde 1979, vigora a política do filho único na China, cujo objetivo é reduzir o ritmo de crescimento acelerado da imensa população do país, para minimizar tais problemas. Atualmente as taxas de crescimento vegetativo do país estão abaixo de 0,7% ao ano. Um percentual que aplicado a 1,3 bilhão de pessoas representa um crescimento numérico de aproximadamente 9 milhões de pessoas por ano.
No entanto, por conta de uma característica tradicional da sociedade, o cuidado dos idosos é responsabilidade dos homens e suas respectivas esposas. As mulheres casadas cuidam dos sogros e, via de regra, não têm permissão para cuidar dos próprios pais. Os casais desejam, portanto, ter filhos homens em detrimento das mulheres.
Cresce, assim, o número de abortos quando se descobre que o bebê esperado é do sexo feminino, atingindo aproximadamente meio milhão de interrupções de gestações anualmente. Por isso, atualmente a China proíbe a identificação do sexo dos bebês nos exames de ultra-sonografia.
Também ocorre o abandono de meninas ao relento para a morte. Como conseqüência, atualmente existem 117 homens para cada 100 mulheres. A média mundial é de 106 ou 107 homens para cada 100 mulheres.
Além da preocupação com a velhice, os chineses preferem filhos homens pois eles garantem a perpetuação do sobrenome da família. Tal fato é influenciado pela religiosidade da maioria dos chineses, que é ligada ao culto dos antepassados. Manter o sobrenome vivo é uma forma de garantir que será lembrado pelos seus descendentes no futuro.
Na China, 92% da população pertencem à etnia Han. Esses são os chamados “chineses étnicos”. Os demais 8% dividem-se em mais de 56 etnias minoritárias reconhecidas pelo governo e que formam um grande mosaico populacional. Os tibetanos e os Uigur são duas dessas etnias minoritárias, habitantes das regiões autônomas do Tibete e de XinJiang, respectivamente.
E são nacionalistas. Cada grupo defende a separação de sua porção do restante da China. Os tibetanos tiveram sua soberania reconhecida pelos ingleses em 1904, porém tiveram sua capital ocupada pelos revolucionários chineses em 1950. Organizaram um levante contra tal ocupação em 1959, o que levou ao exílio do Dalai Lama, líder político e espiritual dos tibetanos, que passou a viver na Índia.
Os Uigur formam um povo com quase 9 milhões de pessoas na China. Têm origem turcomena e são muçulmanos. Possuem vínculos culturais e religiosos muito mais intensos com os povos da Ásia Central do que com os Chineses. Por isso costumam realizar protestos com a intenção de transformar a Região Autônoma de Xinjiang num país independente para o seu povo.
É por essas razões que, a fim de dissolver a concentração majoritária dessas etnias em suas regiões, a China impõe migrações de chineses da etnia Han para essas regiões. O que acentua ainda mais as contradições criadas no país a partir do momento da abertura econômica, como as múltiplas oposições entre o campo arcaico e as cidades modernas.

sábado, 10 de julho de 2010

Geopolítica dos Agrocombustíveis

Geopolítica dos Agrocombustíveis


A submissão dos sistemas agrícolas locais ao modelo industrial e a uma demanda energética exógena, é uma questão política que implica relações de poder sobre os ecossistemas e os povos. Este poder se manifesta em dois níveis bem definidos:

Primeiro.- A atual dependência mundial de combustíveis fósseis se satisfaz mediante uma geopolítica de guerra.


Para garantir o controle dos recursos hidrocarburíferos, e agora aos agrocombustíveis, os países industrializados e suas corporações transnacionais, criaram mecanismos tanto econômicos e financeiros como político e militares. Neste sentido, foram desenhados acordos comerciais internacionais que permitem o livre acesso aos recursos através das leis do mercado. Estes tratados mercantis, bilaterais ou multilaterais, vão de mãos dadas com a expansão de projetos de infra-estrutura (dutos para transportar gás, petróleo, minerais e hoje agrocombustíveis como o etanol ou biodiesel; estradas, hidrovias, portos, infra-estrutura de processamento, armazenamento e distribuição de combustíveis, redes elétricas, etc.). As instituições financeiras internacionais, através de diversas estratégias e mecanismos, aprisionam os países em uma espiral de dependência e morte, por exemplo através da dívida. Quando um governo ou seu povo se propõe a romper com esta dependência, corre o risco de sofrer represálias econômicas, políticas ou militares. A geopolítica do petróleo está desenhada não apenas para ter acesso aos hidrocarburantes, senão também para controlar sua distribuição. Isto explica muitos dos conflitos armados no Oriente Médio, Afeganistão e no Cáucaso, onde se disputa o controle das rotas de transporte de petróleo do Cáspio, por parte de empresas estadunidenses, européias e russas, e seus governos.

Assim como se configurou uma nova geopolítica para assegurar o acesso aos combustíveis fósséis, da mesma maneira se está configurando em torno aos agrocombustíveis uma nova correlação de forças em nível mundial. O exemplo mais nítido é a aliança Lula-Bush (Brasil e Estados Unidos) para a criação de um mercado mundial de commodities agroenergéticas, que se traduz em uma rearranjo do poder global. É assim com o anúncio efetuado pelo Brasil sobre o reinício de seu programa nuclear e do ciclo de enriquecimento de urânio, não gerou a oposição que vêm enfrentando países como o Irã ou a Coréia do Norte, pois hoje o Brasil forma parte dos países que conformam o círculo de amigos de Bush e do poder de interesses estadunidenses.

Segundo.- A geopolítica dos agrocombustíveis impõe um reordenamento territorial em nível global.

Este reordenamento significa, neste primeiro momento, a desterritorialização de cultivos alimentares para a produção de insumos energéticos, com os impactos em cadeia sobre toda a economia e os custos, em função da óbvia competição de preços com os alimentos (como já se observa no aumento de preços do milho e de óleos em distintas partes do mundo, e cujo exemplo mais paradigmático foi a “crise da tortilla”, no México, no início de 2007). Em um nível mais amplo, e já relacionado à segunda geração de agrocombustíveis a partir de espécies não alimentares a ocupação da terra em escala crescente e progressiva para ‘substituir’ o petróleo, impactará mais gravemente sobre a população rural, gerando fortes fluxos migratórios, além de uma drástica redução na produção e oferta de espécies alimentares com a conseqüente subida dos preços e menores possibilidades de acesso à alimentação.

Esta pressão sobre os territórios irá acentuar-se, como resultado do lema repetido por seus promotores que sustentam que os agrocombustíveis serão produzidos nas chamadas “terras marginais” ou “áridas”, que em realidade são as terras para além da atual fronteira agroindustrial e que são aquelas que justamente alimentam à grande maioria da população pobre e camponesa, e os povos indígenas da África, Ásia e da América Latina com cultivos não comerciais, como várias espécies de tubérculos e hortaliças.

3. As grandes rotas dos agrocombustíveis

Até o momento identificamos as seguintes grandes rotas centrais de fluxo de agrocombustíveis desde o Sul:

a. O abraço do etanol. Brasil e Estados Unidos e o corredor da América Central.

A aliança estratégica e midiática entre Lula e Bush, os dois países líderes mundiais na produção de etanol (cana-de-açúcar e milho, respectivamente) tem um objetivo claro: definir uma nova geopolítica para a América Latina (petróleo versus agrocombustíveis) através de impulsionar a criação de um mercado internacional de commodities agroenergéticas com a realização de uma “Conferência Internacional sobre Biocombustíveis”, auspiciada pela ONU, no Brasil em julho de 2008. Neste contexto o Brasil tem como projeto político – converter-se no principal provedor de agrocombustíveis e de tecnologia para etanol. Para isso, o presidente Lula se perfila como um novo líder mundial e o Brasil como a potência do Sul, para o qual foram estabelecidos alianças estratégicas com a China, Índia, África do Sul, etc. aspirando um assento no Conselho de Segurança da ONU. No plano econômico, o interesse do Brasil é acessar o mercado dos Estados Unidos e da Europa, através das vantagens tarifárias que têm os países da América Central e do Caribe. Por isso querem expandir a produção de cana-de-açúcar e palma africana (dendê) e usinas de processamento a estes países.

O Plano Nacional de Agroenergia do Brasil estima como área potencial para expansão de cultivos energéticos a cifra de 200 milhões de hectares, incluindo a “recuperação de áreas degradadas, reconversão de pastos e ‘reflorestamento’ da Amazônia com a palma”. Para colocar em marcha o Plano, será preciso construir uma rede de álcooldutos, plantas de armazenagem, processamento, tancagem nos portos, estradas e hidrovias, o que incrementará, por exemplo, o uso de ferro proveniente das minas de Carajás, a destruição de ecossistemas naturais e do tecido social nesta região da Amazônia, além de aumentar dramaticamente a produção de cimento e concreto, uma das industrias mais energívoras.

b. De celeiro do mundo à refinaria global. A soja transgênica na Argentina e no Cone Sul.

Transformar a paisagem do campo argentino em um monocultivo de 17 milhões de hectares de soja transgênica levou somente 10 anos – substituindo a produção de cereais, carne e outros alimentos por uma única commodity para a exportação, concentrada em mãos das principais transnacionais do comercio internacional. Agora sendo o primeiro exportador mundial de azeites vegetais, a Argentina busca converter-se no principal provedor para a demanda européia de biodiesel, para o qual o governo argentino já solicitou tarifas preferenciais à União Européia. A aposta do agronegócio na exportação de agrocombustíveis colocou em funcionamento uma engrenagem de produção de biodiesel em associação com capitais nacionais como Vicentín, AGD-Bunge S.A e SACEIF – Louis Dreyfus, e do setor petroleiro Repsol-YPF e a nacional ENARSA que participam em projetos entre 25 e 30 milhões de dólares.

Para suprir a demanda de exportação de azeites e grãos, somada agora a de biodiesel de soja, e além disso cumprir com os requerimentos internos legislados de incorporar obrigatoriamente uma porcentagem de agrocombustível aos combustíveis fósseis –se programa o desmatamento de algo entre 4 e 7 milhões a mais de hectares de bosques nativos para avançar com a fronteira sojera, o deslocamento de campos de frutas e cultivos de hortaliças e os cultivos irrigados na Patagônia, assim como a importação de 3 à 4 milhões de toneladas de soja provenientes da Bolívia, Brasil, e especialmente Paraguai.

Por esta razão acelerou-se o processo de obras para a hidrovia Paraguai-Paraná, via de escoamento das commodities produzidas no território interior até o porto de Rosário (e zona de refino), projetada no marco da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul Americana (IIRSA) que inclui a construção de estradas, hidrovias e represas, com investimentos significativos do sector privado na extração de recursos e da agroindústria. Esta é a coluna vertebral que consolida o projeto político e territorial do agronegócio no Cone Sul, que transcende as fronteiras dos Estados para estabelecer uma área de expansão da produção e movimento de commodities para exportar ao norte, que se consolida com a produção de agrocombustíveis.

d. África: rumo a um maior saqueio

Do colossal número de atores relacionados à promoção de agrocombustíveis na África, o Brasil se perfila como o mais estratégico e de rapina. O Brasil voltou-se em direção ao continente africano, ao qual vê como uma peça importante em suas ambições de criar um mercado global para o etanol; para isto conseguiu de forma exitosa obter o apoio de vários países africanos, como o Senegal e Benin através de acordos bilaterais e trilaterais de cooperação, e se inseriu na União Africana, passando por alto de várias agências da ONU para assegurar a implementação de instrumentos legais e econômicos harmonizados para sustentar um mercado viável de agrocombustíveis. Através do Foro Internacional de Biocombustíveis, o Brasil com seus sócios China, Índia, África do Sul, os Estados Unidos e a União Européia, irão promover agressivamente um mercado internacional para agrocombustíveis, sem importar-se com o resto do mundo, e assim assegurar que o etanol se converta em uma commodityno mercado internacional. Para conseguir estes objetivos, as plantações de cana, silenciosas e estéreis irão proliferar nos solos africanos, outrora dedicados ao cultivo de alimentos. Neste contexto, várias transnacionais da energia como a BP, D1 Engrasa e Petrobrás já iniciaram projetos de agrocombustíveis na África, para produzir de maneira indiscriminada seja combustíveis fósseis ou agrocombustíveis, em países tão pequenos como a Suazilândia ou potências petroleiras como a Nigéria. Estas empresas depredadoras irão sustentar qualquer aventura, a qualquer custo social e ambiental, se isso contribuir para sua estratégia global de prolongar o pico do petróleo.

terça-feira, 23 de março de 2010

A situação dos índios Guarani no Brasil - 8ªsérie.

Relatório enviado à ONU revela situação estarrecedora em que se encontra o povo Guarani no Brasil

índios Guarani despejados da sua própria terra,
acampam ao lado de uma rodovia.  © CIMI

 
A situação dos Guarani no Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste brasileiro é uma das piores de todos os povos indígenas nas Américas, afirma um relatório recém produzido pela Survival International e enviado à ONU. 

A publicação do relatório coincide com o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, no próximo 21 de março. 

Os Guarani sofrem altíssimos índices de suicídio, desnutrição, detenção injusta e alcoolismo, além de serem alvos regulares de pistoleiros contratados por fazendeiros que se apoderaram de suas terras.

A recusa em reconhecer os direitos dos Guarani a suas terras é apontada no relatório como a principal causa dessa situação explosiva na qual se encontram os índios. 

O relatório adverte que a crescente demanda por etanol como alternativa à gasolina fará com que os Guarani percam mais terras, agravando ainda mais a situação.

Apesar de viverem em um dos estados mais ricos de um país cuja economia é uma das que mais cresce no mundo atualmente, muitos Guarani vivem em extrema pobreza. Alguns vivem sob tendas na beira de estradas muito movimentadas, outros vivem em ‘reservas’ superpopuladas, onde são dependentes de ajuda do governo.  

Uma comunidade Guarani que vive na beira da estrada e já viu três de seus líderes serem mortos por pistoleiros declarou: ‘O atraso excessivo fere nossa paciência, acaba devagar com a nossa vida, nos expõe ao genocídio’.

Stephen Corry, Diretor da Survival, afirmou: ‘Esse relatório expõe a situação estarrecedora na qual se encontram os Guarani. É responsabilidade legal e moral do governo brasileiro assegurar que os abusos de direitos humanos e a discriminação racial sofridos pelos Guarani cessem. Caso o governo não aja com rapidez e eficiência, mais índios Guarani sofrerão e morrerão’. 


Alguns dados

1. Violência: os Guarani sofrem violentos ataques e muitos líderes já foram assassinados. 42 índios da etnia foram mortos no Mato Grosso do Sul em 2008 em função de conflitos internos e externos. 

2. Suicídio: o índice de suicídio entre os Guarani é um dos mais altos no mundo. Mais de 625 Guarani cometeram suicídio desde 1981 (quase 1.5% da população Guarani) e, em 2005, o índice de suicídio entre os índios dessa etnia foi 19 vezes mais alto do que o índice nacional. Crianças Guarani de apenas nove anos de idade já terminaram com suas próprias vidas.

3. Desnutrição e saúde debilitada: muitos Guarani sofrem de desnutrição, tendo a taxa de mortalidade infantil desse povo indígena atingido mais que o dobro da média nacional. Sua expectativa de vida é bastante reduzida: mais de 20 anos abaixo da média nacional.    

4. Detenção injusta: os Guarani são freqüentemente detidos injustamente, com pouco ou nenhum acesso a aconselhamento legal e intérpretes. Eles cumprem ‘penas desproporcionalmente duras por ofensas leves’. 

5. Exploração de trabalho manual: muitos Guarani são forçados a trabalhar no corte de cana-de-açúcar para usinas produtoras de etanol, que atualmente ocupam suas terras. Os índios recebem remuneração baixíssima e são submetidos a condições de trabalho sub-humanas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

GPS (Global Positioning system)

O que é GPS?
O GPS é um aparelho de bolso, do tamanho de um telefone celular, apoiado atualmente por cerca de 24 satélites que refletem os sinais de rádio para o local onde o aparelho está operando.
Qual a sua utilidade?
O aparelho indica a localização geográfica de qualquer lugar, no continente ou no oceano, por meio de coordenadas geográficas. Além da posição geográfica, o aparelho pode indicar velocidade, tempo de deslocamento e distância em relação a qualquer outro ponto de referência na terra.
Em que contexto surgiu o GPS?
O GPS surgiu na década de 1960, durante a Guerra do Vietnã, com o Projeto Navstar. A função desse equipamento era orientar o deslocamento dos soldados norte-americanos por terras desconhecidas, como o interior da floresta tropical, onde as referências de percurso são praticamente impossíveis de demarcar. 

domingo, 15 de novembro de 2009

CURIOSIDADE: AS FARC E A OPERAÇÃO TRAÍRA

Na década de 1990, mais precisamente no dia 26 de fevereiro de 1991, um grupo de 40 guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), invadiu o território brasileiro na região de fronteira entre o Brasil e a Colômbia e, às margens do Rio Traíra, no Estado do Amazonas, atacou de surpresa o Destacamento Traíra do Exército Brasileiro,  que encontrava-se em instalações semi-permanentes e possuia efetivo muito inferior ao grupo guerrilheiro que o atacara. Nesse ataque morreram três militares brasileiros e vinte e nove ficaram feridos; várias armas, munições e equipamentos foram roubados.
Imediatamente as Forças Armadas do Brasil, autorizadas pelo então presidente Fernando Afonso Collor de Mello e com o conhecimento e apoio do Presidente colombiano César Gavíria Trujillo, deflagraram a secreta OPERAÇÃO TRAÍRA, com o objetivo de recuperar o armamento roubado e desencorajar novos ataques.

Reação do Brasil:
  • Força Aérea Brasileira: apoiou a Operação Traíra com seis helicópteros de transporte de tropas Uh-UH1, seis caças bombardeiros AT-27 Tucano e aviões de apoio logístico C-130 Hérciles e C-115 Búfalo.
  • Marinha do Brasil: apoiou a operação com um Navio Patrulha Fluvial, que ficou baseado em Vila Bittencourt, cooperando com o apoio logístico e garantindo a segurança daquela região.
  • Exército Brasileiro: enviou sua principal elite, elementos de forças especiais e de comandos do Batalhão de Forças Especiais (atuais 1º Batalhão de Forças Especiais e 1º Batalhão de Ações de Comando), e também guerreiros de selva do até então 1º Batalhão Especial de Fronteira, para atacar a base guerrilheira que se encontrava em território colombiano, próximo a fronteira. Também apoiaram, militares do 1º Batalhão de Infantaria de Selva, principal unidade do Comando Militar da Amazônia. O Comando de Aviação do Exército se fez presente fornecendo o meio de transporte utilizado pelos combatentes empregados na missão, 4 helicópteros de manobra HM-1 Pantera, 2 helicópteros de reconhecimento e ataque HA-1 Esquilo.
  • Exército Colombiano: apoiou a operação com o Batalhão Bejarano Muñoz, acredita-se que tenha bloqueado a rota de fuga dos guerrilheiros, caso tentassem fugir do ataque brasileiro.
O resultado dessa sigilosa Operação de Guerra foi a morte de 21 guerrilheiros das FARC, inúmeros capturados e a recuperação da maior parte dos armamentos e equipamentos que haviam sido roubados.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CONFLITOS ÉTNICOS E NACIONALISTAS : O CASO BASCO


Os bascos habitam a região da norte da Espanha e do sul da França há mais de 5 mil anos. São cerca de 2,5 milhões de pessoas que possuem identidade, idioma (euskera) e cultura próprias, constituindo uma verdadeira nação no interior desses países.
Na França a convivência é relativamente pacífica. Porém na Espanha os bascos perderam autonomia durante o governo de Francisco Franco e foram impedidos de se expressarem em seu próprio idioma, comemorarem as suas festas nacionais e manifestarem a sua cultura. A represão de Franco forjou um forte movimento nacionalista e a formação de grupos de resistência e terroristas. Terminado o período da ditadura franquista (1939-1975), os bascos reconsquistaram relativa autonomia, consolidada pela criação de uma Região Autônoma do País Basco, com sistema de impostos e Parlamento próprios.
No entanto, a organização terrorista ETA (Euskera Ta Azkatasuna, que significa "Patria Basca e Liberdade"), criada durante a ditadura de Franco, realiza atentados, desde o final dos anos 1970, com o objetivo de pressionar o governo espanhol a reconhecer a independência total do País Basco. Hoje a maioria basca, apesar de almejar a independência e a constituição de um Estado soberano, não apóia o terrorismo, não só pela aversão a ese método de luta, mas também pela autonomia conquistada e pelo elevado desenvolvimento econômico que garante boa qualidade de vida à população dessa região do país.